quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

"Gordura é uma questão feminista" - Parte 2


Terminei o outro texto falando sobre a aceitação que deve partir de nós mesmas e começo esse post confessando que minha própria aceitação foi e está sendo feita a duras penas. Quantas e quantas vezes me olho no espelho e me sinto feia, a pior pessoa do mundo...mas isso é algo que estou tentando melhorar a cada dia e tentando ver o lado bom em mim mesma.

Minha bandeira de luta conta a mídia que nos empurra um modelo de perfeição corporal é genuína, pois faz parte da minha história de vida: eu mesma já fui vítima dessa alienação. Considerado um transtorno pela medicina, hoje vejo que o que sofri - e ainda sofro com os resquícios de tal doença - é culpa de uma cultura que obriga as mulheres - e mesmo os homens - a seguir um padrão de beleza. E eu, com um biotipo mais pra "mulher brasileira" queria ser pele e osso. Imaginem os meios para alcançar o fim...Hoje vejo as loucuras cometidas, o desrespeito com minha saúde. São páginas em negro do livro da minha vida que me permito abrir aqui para vocês.

Considerando todas essas páginas em negro do meu passado, certas coisas me doem mais do que o normal.  e certas coisas tem mais valor do que para as outras pessoas. Explico e exemplifico.

Tive que tomar remédios que continham corticoide ano passado e esses remédios retêm líquido, ou seja,  incham. É claro que eu engordei. O que tem de mais? Também comi a mais e engordei. Mas devido a esses remédios que incham surgiram algumas estrias vermelhas que realmente me incomodaram e procurei hoje um médico da minha cidade para um possível tratamento. Lá no consultório, esse médico disse que estou gorda e preciso emagrecer para poder tratar as tais estrias e falou outras coisas que nem quero lembrar...No momento em que o pseudo-médico começou a falar isso eu comecei a chorar (piscianos sentimentais) e ele ainda perguntou "Por que você tá chorando? Alguém morreu?". Sim, meu avô faleceu recentemente, ainda dói. Mas nesse momento o que realmente morreu foi a minha crença na humanidade.

Veio um filme na minha cabeça de tudo que já passei, da infinidade de remédios que tive que tomar, das internações, dos médicos, da minha vontade de ser livre daquela obsessão por ser magra e então, um pseudo-médico chega e fala um monte de merda sem ao menos conhecer a minha história!

Prefiro estar acima do peso hoje e conseguir fazer tudo o que eu quero do que ficar como quando eu estava magra e não conseguia nem levantar da cama!