segunda-feira, 6 de maio de 2013

Conceição Evaristo, poesia e subjetividade: meu eu poeta


Não tenho postado ultimamente, como vocês podem perceber, mas acreditem! o motivo é justo. O mestrado ocupa grande (maior) parte do meu tempo.

Conceição Evaristo e eu
Nesses tempos fiz uma viagem para São José do Rio Preto para o I Congresso Nacional de Literatura e Gênero. Assisti palestras super interessantes e mais que isso, conheci pessoas incríveis, entre elas está Conceição Evaristo. Tive a oportunidade de conversar com ela e ver, que além de escritora ímpar, ela é uma pessoa maravilhosa. Sua simplicidade me encantou e nossa conversa me despertou coisas boas que haviam adormecido em mim há muito tempo atrás.



Perguntei para a Conceição se ela sempre escreveu poesias e o que a levou escrever, sua resposta foi que a escrita sempre esteve com ela desde muito jovem como uma necessidade de entender o mundo e principalmente de se entender. Perguntei ainda, com sobressaltos de quem queria conhecer mais e mais aquela figura enigmática na minha frente, se no começo ela não tinha vergonha de mostrar seus escritos para os outros e me embalei na minha mini história de poeta frustrada, com suas poesias guardadas na gaveta e esquecidas na poeira; versos infantis, tolos, amores antigos, dores existenciais...Conceição Evaristo me disse que escrever é de certa forma se expor e concordo! Quando mais jovem eu não tinha medo de me expor quando escrevia um poeminha e mostrava para os colegas de classe. mas então a idade vem e o pudor cresce, será que é a cobrança de escrever a la Drummond? (foi o primeiro poeta que me veio na cabeça).


Por hoje não quero ser comparada a ninguém, só quero ser eu mesma e escrever com minhas palavras simples e toscas (ou não) o que eu quiser. Que gostem ou não, isso já não cabe a mim...Por hoje eu vou esconder meu pudor e mostrar que minha vida é e que eu sou toda poesia!



Cicatriz




Algo dentro de mim se faz presente,

Um sentimento sem nome
Uma dor que não some
Um medo da vida.



Caminhos errados que segui

E hoje me fazem ver
Que dessa forma só me detruí
E continuo me destruindo aos poucos sem ninguém saber.



Eu não sei pra que lado o vento sopra,

Eu não sei encontrar as respostas
Que deixei escondidas em algum lugar.
E assim tudo se torna tão estranho,
Toda minha certeza se desfaz e eu
Continuo presa dentro dos meus pensamentos.



Nenhum remédio me dá a verdadeira alegria,

Nenhum comprimido dá lugar à sua companhia
E eu continuo esperando tudo isso mudar.



Não sei se sorrio ou se choro

Se fico ou se vou.
Não sei qual a razão de tudo
Nem onde minha alegria ficou.

2 comentários:

Alessandra disse...

Confesso que fiquei arrepiada. Como é bom essa lei natural dos encontros! Esse lego que é a vida, ela nunca deixa de nos presentear, surpreender, e que também acaba provocando na gente um misto de sentimentos. Quanto à poesia, com o passar do tempo, ficamos com pudor, o que é totalmente contrário à ela, tão livre e tão subjetiva, ao meu ver. Descordo da feiura de qualquer poesia, pois ela mostra, no mínimo a atitude de se revelar, ou seja, revela um pouco do eu do outro, e isso, além de belo, é simplesmente ser-humano, e sobretudo, ser humano, não é mesmo?

Unknown disse...

Por ventura cai no Facebook dessa menina e vi que ela era entusiasta do feminismo. Pautas sobre o papel da mulher na sociedade atual em geral. Me interessei para saber a sua visão de mundo sobre esse tema e entrei no blog.
Apesar de algumas discordâncias, até achei válido algumas questões levantadas. Interessante

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